A cruz do Cristo é a do exemplo e do sacrifício, induzindo-nos à subida espiritual, nos domínios da elevação.
A nossa, porém, será, sobretudo, nós em nós mesmo.
Agüentar-nos como temos sido nas múltiplas existências passadas.
Carregar-nos com as imperfeições e dívidas que inadvertidamente acumulamos; entretanto, agradecendo e abençoando a lixívia de suor e pranto no resgate ou na tribulação com que as extirparemos.
Em muitos episódios difíceis da existência, consideramos demasiadamente amargo o cálice da prova redentora que se nos destina, mas, de maneira geral, não é a medicação providencial nele contida que nos aflige e sim a nossa própria debilidade em aceita-la.
Em numerosas crises do mundo, julgamos excessivamente pesada a carga dos desenganos que nos fustigam o espírito; no entanto, não é o volume das desilusões educativas, que nos são indispensáveis, aquilo que nos faz vergar os ombros da alma e sim o nosso orgulho ferido a se nos esfoguear por dentro do coração.
Suportar a nossa cruz será tolerar as tendências inferiores que ainda nos caracterizam, sem acalenta-las, mas igualmente sem condenar-nos, por isso, diligenciando esgotar em serviço, em paciência, em serenidade e em abnegação a sucata de sombras que ainda transportamos habitualmente no fundo das nossas atividades de auto-aprimoramento ou reabilitação.
Chorar, em muitas ocasiões, mas nunca desesperarmos.
Errar ainda vezes muitas, no entanto, retificar-nos, em todos os lances da estrada, tantas vezes quantas se fizerem necessárias.
Reconhecer-nos no espelho da própria consciência, resignar-nos com as nódoas e cicatrizes emocionais da culpa que ainda se nos estampam na face espiritual e acatar no trabalho e no sofrimento a presença de cirurgiões divinos, cujo esforço nos regenerará os tecidos sutis da alma, preparando-nos e instruindo-nos para o Mundo Melhor.
Suportar nossa cruz jamais será maldizê-la ou lamentá-la e sim acolher-nos imperfeitos como ainda somos, perante Deus, mas procurando, por todos os meios justos, melhorarnos e burilar-nos, avançando sempre, mesmo que vagarosamente, milímetro por milímetro, nos caminhos de ascensão para a Vida Eterna.
Ditado pelo Espírito Emmanuel. Do livro 'Rumo Certo'. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
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